terça-feira, 3 de maio de 2016

Retirando as teias: um ensaio sobre a solidão

"Digam o que disserem, o mal do século é a solidão" Renato Russo

Hoje um sentimento me fez querer escrever... um sentimento que talvez seja comum a você e a tantos outros que você conheça... que talvez que te visite com frequência ou pelo menos em alguns momentos da vida... A SOLIDÃO.

Já observou o quanto é cada vez mais comum a gente ouvir reclamações sobre a indiferença das pessoas e a solidão? Cada dia mais a gente se convence de que o melhor é pensar em si mesmo, pois ninguém mais está disposto a fazer isso por você... Poucos tem tempo para prestar atenção no outro, tampouco para se dedicar a ele, ainda que seja em retribuição ao que ele um dia tenha feito por você.

Mas é um paradoxo, pois quanto mais olhamos pro nosso umbigo, mais nos isolamos, mais necessitamos da atenção dos que nos cercam e mais cobramos que o outro seja aquilo que nós mesmos não estamos mais dispostos a ser... Só que, adivinha só, O OUTRO TAMBÉM ESTÁ PREOCUPADO COM SEU PRÓPRIO UMBIGO.

E está feita a bola de neve... e o resultado é a solidão e a insegurança.

Alguém tem uma boa ideia de como parar esse ciclo vicioso?
Deus nos deu um caminho há muito tempo quando disse "Amemos uns aos outros, como a nós mesmos" ou "Faça ao próximo o que gostaria que fizessem a ti".

O problema é que não sabemos ainda (ou não sabemos mais?) como amar alguém que não se importa conosco, que também nos abandonou quando nós precisamos, que também negligenciou os nossos sentimentos... Mas será mesmo que não é melhor procurar aprender? Será que não é justamente esta pessoa que precisa de um pouco da sua atenção? Amar é um exercício diário, é uma atitude, não uma inspiração divina.

É uma ideia românica, eu sei, mas creio que nos isolarmos do mundo, ou nos perdermos apenas em cobrar do outro aquilo que nem mesmo você está disposto a fazer, seja ainda mais ineficaz num momento em que todos nos sentimos tão sós. Se você optou por ignorar o outro, esteja ao menos disposto a não cobrar nada em contrapartida.

Creio ainda que todos nós gostamos de nos sentir queridos, amados, respeitados...
São necessidades humanas e mesmo aqueles mais "rebeldes" necessitam muitas vezes de um ombro amigo, de um lugar tranquilo em que possa apenas ser você mesmo, de um porto seguro, de alguém pra quem você seja indispensável e para quem você não precise provar nada, pois ele sempre soube quem você é, e sempre saberá...

Está tão fora de moda assim olhar as qualidades do outro? Reconhecer o que há de bom nele? Querer o bem de quem você diz amar? Ser grato ao que as pessoas já fizeram por você?
Ou seria mais fácil descartar da sua vida todos que falharam em seguir seu script imaginário de expectativas? Que segurança há neste mundo de pessoas, valores e sentimentos descartáveis?

A solidão  pode ser o mal do mal do século, mas a empatia sempre foi um bom remédio.

Na opinião desta humilde bibliotecária, a capacidade de se colocar no lugar do outro poderia ser a cura para grande parte de nossas mazelas... desde que estejamos mais dispostos a amar que a descartar as pessoas quando elas não nos forem mais úteis.

O caminho mais fácil nem sempre é o melhor e pessoas não são descartáveis!! Mas isso é assunto para outro dia...

E voce aí, se identifica?? Deixe seu comentário e contribuição sobre o tema. Adoraria saber um pouco de você! ;)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Retalhos chiques


Patchwork ou colcha de retalhos? A difereça? Um é chique e o outro não


Como dizia um sábio do forró:

"Se farinha fosse americana e mandioca importada, 

Banquete de bacana era farinhada!"

Dia desses estive pensando em como minha mãe é antenada e chique.
Qual a palavra da moda no momento? Sustentabilidade! Reciclagem, e reaproveitamento são a ordem da vez.

Pois bem, minha mãe nunca gostou de jogar as coisas fora... uns chamavam de "apego", outros achavam que ela gostava de lixo, muitos criticavam seus copos de requeijão cremoso na cozinha... o fato é que a chique da minha mãe sempre pensou que não precisava comprar um jogo de copos se já tinha aqueles à disposição, ou comprar vasilhames de plástico se aqueles de sorvete e manteiga serviam perfeitamente para o mesmo propósito.
Contudo,ela era pobre e naquela época isso não era moda, então, ela era incomprendida coitada... 
Mas ela estava tão à frente de seu tempo. Se todos os "ricos" críticos daquela época fizessem o mesmo, hoje talvez as sacolinhas de mercado não fossem tão marginalizadas. 

Falando um pouco mais sobre sacolinhas, na minha casa elas sempre foram bem aproveitadas para colocar o lixo, mas os fabricantes de sacos de lixo estavam lucrando pouco e a mídia logo achou de convencer-nos de que as sacolas de mercado poluem, mas os sacos pretos não porque estes são comprados porque são mais adequados para tal.

Agora voltando à moda, já perceberam como algo para ser chique, além de ser elogiado por alguma artista, só precisa receber um nome estrageiro?
Quem não se lembra das colchas de retalho que nossas avós faziam e usavam? Aposto como ninguém gostava delas até conhecerem o nome patchwork. Aí as colchas subiram de status, e de preço. Agora todos querem, acham lindo e pagam horrores por uma simples colcha de retalhos metida a besta (eu adooooro, mas me recuso a comprar uma numa loja chique e pagar um absurdo por algo que minha vó sabia fazer tão bem e não era tão bem remunerada!)

Minha mãe também adorava repintar as coisas ou encapá-las com papel ou tecido... mas isso na época não se chamava decoupàge, nem pátina ou coisa que o valha, então é lógico que não era tão bom quanto o que as artesãs fazem hoje e que cobram caríssimo.

Esses dois nomes são reconhecidos e especificam técnicas de artesanato, então não quero desmerecê-los, mas o princípio é o mesmo que minha mãe sempre adotou: reutilizar e reformar.

Entenderam agora porque não gosto dos rótulos? Porque critico os modismos burros? Porque acho importante evitar os estrageirismos? 

Minha mãe é mais esperta que qualquer um desta nossa geração, pois não precisou de tudo isso para fazer o que era certo, o que era lógico, o que era SUSTENTÁVEL.

Parabéns mamãe, a senhora é CHIQUE!


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Compreensão... o dom e a maldição




"Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê! (dedicação, ilusão)
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa [...]    (mentira, desconfiança, desilusão)
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê! (montanha russa emocional, brincadeira de vai e vem)
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida (promessas vazias, filme repetido, falta de compromisso)
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você." (conformismo, cegueira amorosa, perpetuação do erro)

Fim!!

A prova de que o estado de espírito muda toda a interpretação do mundo... eu adoro esta música, mas não hoje.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Variações sobre o mesmo tema: a ceia!

Como prometido, aí vão algumas fotinhas das ceias de natal que preparei nos últimos três anos.

Natal no apê:

Ceia de natal
Ceia do ano passado para oito pessoas, no meu apê. A família está voltando a crescer ;)

Os detalhes fazem toda a diferença, principalmente se você tem uma mesa muuuuito pequena:
Ceia de natal
- Para apoiar as velas redondas em dois níveis utilizei taças emborcadas de tamanhos diferentes.
- Para dispor os talheres e guaranapos, por que não aproveitar as taças de champanhe? dois coelhos com uma cajadada.
- Destaque para o centro de mesa feito com frutas, com uma mini-melancia, a única que cabia na mesa...

Detalhe do cantinho da sobremesa, sem sobremesa...

 Esqueci de tirar foto dela quando estava com um pavê de chocolate, um manjar, um pudim e o mousse de limão trazido pela cunhada.
Ta, sou exagerada quando o quesito é sobresa.


 Natal na roça:

Em 2010, minha mãe estava morando na chácara do meu tio... então preparei a ceia lá mesmo, mas deixar a minha mãe, jamais!

A nora do meu tio preparou o arroz.
Meu tio fez um pernil assado que estava divino!

E eu encarei o restante ne amiga, afinal a idéia foi minha. ho ho ho

Foi uma correria deixar a casa com clima de natal: montar árvore, espalhar enfeites em outros lugares, fazer os pratos e as sobremesas... tudo na metade de um dia! Mas valeu muito a pena... reunimos umas vinte pessoas em torno dessa mesa e o clima de natal invadiu o coração de todos.

Vem dizer que estes detalhes não são importantes?

Natal na garagem, ou, Unindo geladeiras:

No natal de 2009 (a data das fotos estão erradas) meu irmão e minha cunhada  iam celebrar o Natal na casa da irmã dela, e me fizeram o convite. Topei, e claro, levei a minha mãe e a nossa ceia.

A casa era pequena, então montamos a mesa na garagem e unimos os pratos da ceia:

- Tinha meu salpicão, chester, lagarto recheado e manjar branco.
- Tinha a picanha ao forno do do dono da casa. 
- Tinha a torta rosa de chocolate com limão da cunhada.
- Tinha rabanadas da mamãe.

Mesa simples, centro de mesa com frutas, que não podem faltar... e a festa foi linda! ;)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Simpatia está fora de moda?

Certa vez, publiquei um manifesto numa rede social a cerca do modismo idiota de idolatrar atitudes grotescas e pessoas medíocres que acham que "ser autêntico" e "ter personalidade" significa necessariamente ser antipático, "do-contra", inconsequente (o típico "tô-nem-aí") e não ter respeito algum pela figura do outro.

Isso é inversão de valores, minha gente! É brega, é uma atitude simplesmente medíocre..

Quem me conhece já sabe o quanto isso me incomoda, mas recentemente tenho percebido um crescimento desse modismo que chega a ser ridículo e acho que vale fazer uma corrente contrária.

Já observaram quantos blogs de gente "sincera"  a gente vê por aí? A ignorância disfarçada de sinceridade.
É um bando de gente declarando se sentir incomodado com pessoas simpáticas, felizes, que as tratam bem e gostam de ser agradáveis. Como assim isso pode ser pior que pessoas excessivamente críticas, arrogantes e antipáticas???!!! Pelamor!!

Esse tipo de gente sempre existiu, mas tinham vergonha de declarar sua aversão à felicidade e educação alheia, até porque soa como inveja, e para mim não pode ser outra coisa...  aliás, pode ser falta de amor próprio, falta de vergonha na cara, falta de lote para capinar... ou coisa que o valha.
Mas principalmente,  isso descreve falta de PERSONALIDADE. Sim, porque quem precisa diminuir, desrespeitar ou discordar de tudo que é do outro para se sentir importante, especial e único, para mim não passa de um boçal sem personalidade alguma que necessita de rótulos para se sentir parte de uma "tribo", ou para ser visto como "o cult".

Acho triste! Sem querer generalizar, mas já generalizando: gente assim, que diz  "odiar gente" (principalmente as simpáticas), e que afirma viver muito bem assim, na maioria das vezes vive solitário, comete suicídio ou morre de overdose... porque diabos não vai logo em isolamento no Himalaia ou morar numa ilha deserta?

Bem, deixo o julgamento para quem quiser... apenas me perco ao tentar descobrir quando foi que ser simpático virou sinônimo de mediocridade. Será que até os valores têm que acompanhar modismos de internet?
É possível haver humor no mau-humor, é perfeitamente possível alguém simpático ter dias de mau-humor e antipatia e ter vontade de esganar alguém, mas fazer disso um estilo de vida e levantar essa bandeira como se fosse a única correta me parece ignóbil.
É esse tipo de gente que você quer atrair e conviver? Aquela que vai rir de sua dor e te ajudar a fundar ainda mais quando estiver passando por uma dificuldade? Aquela que não tem amigos, tem "seguidores", que não cria raízes, porque tudo para ela é descartável... Aquela com quem você terá vergonha de admitir alguma fraqueza, porque a resposta para tudo na vida dessas pessoas é sempre "mandar se fuder"? Não se iluda, pois é parte do modismo olhar apenas para o próprio umbigo e odiar críticas construtivas. "Se eu estou bem, você que se foda!"

Não sou doce (já fiu), nem simpática o tempo inteiro, e não sou de levar desaforo para casa. Pelo contrário, não tenho medo de brigar para defender o que acredito ou alguém que gosto... mas pode ter certeza que, para mim, o limite de nossos prazeres e de nossos atos é o respeito pelo próximo, e, com certeza, é isso que eu espero das pessoas que fazem parte do meus relacionamentos.

Na boa, se você é um Seu Lunga da vida, será respeitado por mim da mesma forma e às vezes até poderei achar graça, mas respeito é uma via de mão dupla e o meu jeito de viver não faz de mim menos autêntica que você.
Esse respeito é que definirá se podemos conviver um com o outro, ou não, simples assim.

Pois que se afaste de mim quem se incomoda com meu sorriso, porque ele pode acabar evidenciando a sua falta de amor próprio!!

Sigam-me os bons!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Sobre a Ceia de Natal, ou ,Confissões de uma aprendiz de cozinheira

Eu aos 7 anos com famíliares e amigos, aguardando a ceia de natal na casa da minha avó paterna.

 
Há certas coisas que não voltam... e outras que permanecem para sempre!

Quando eu era menina, o natal era uma grande festa familiar, quando todos os núcleos familiares, paternos e maternos, se reuniam, geralmente na casa de um dos meus avós, e compartilhávamos a mesma ceia de natal.
A medida que fui crescendo, alguns núcleos se desfizeram e alguns dos avós se foram... assim, a ceia foi diminuindo e cada um passou a celebrar separadamente.
Sinto imensa saudade da época em que entoávamos canções de Natal em torno da mesa, fazíamos uma oração de mãos dadas e ceávamos exatamente à meia noite, acompanhado de vinho e champanhe de pobre sidra. Todos aguardavam ansiosos, e a festa ia até de manhã.

O que ficou em mim foi o significado: reunião familiar para celebrar o nascimento de Cristo e a união. Odeio bebedeira no Natal e não consigo entender quem celebra esta data com churrasco... para mim perde todo o significado.

Desde a separação dos meus pais, há cerca de 15 anos, divido esta data entre os dois. Procuro sempre cear com minha mãe, nem que sejamos só nós duas (depois que casei, meu marido sempre me acompanha), e no dia 25 vou almoçar com meu pai onde ele estiver. Já virou minha tradição particular.

Mas a parte que mais gosto de tudo é preparar a ceia. Seja para quatro ou para trinta pessoas, lá estou eu com a barriga no fogão e mãos na decoração.

Agora a confissão, gosto de cozinhar sozinha viu! Uma ajuda para picar um tempero, ou lavar as frutas e as louças é sempre muito bem vinda, mas acho que toda cozinheira odeia gente metendo o bedelho na sua receita. Tô errada?
No máximo uma "união de geladeiras" quando alguém traz pronto um prato ou sobremesa e ajuda a compor a mesa.

O resto é se jogar na decoração e partir pro abraço \o/

Como este post já tá muito gigante, deixo para falar dos diferentes tipos de ceia e dicas de decoração de mesa uma outra hora ok.
Acompanhe, pois esse tema reeeeende...



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A protagonista: minha árvore de lembranças




 Era para ser uma foto da minha árvore de natal do ano passado, mas tudo que encontrei foi esta foto escura em que ela divide espaço com parte da ceia... (ainda estava montando a mesa)

Olha, já pensei várias vezes sobre a adoção de culturas e ritos estrangeiros... 
Sou defensora da valorização de culturas locais e regionais e amo muitos ritos de nosso rico folclore. Sei que o clima daqui não combina com pinheiros e bonecos de neve, bem como sempre me lembro que Natal é mais que o Papai Noel...

Mas a bem da verdade, radicalismo me incomoda muito mais!!


Acho lindos os enfeites de natal, com seus pinheiros, bolas, papais noéis e neve... prontofalei!

Daí que estes enfeites me remetem às lembranças da infância, às reuniões em família em torno da mesa da ceia para orar e entoar canções de Natal , remete à nostalgia de viajar para outro clima, para um mundo que você só conhece pelos filmes... isso não pode ser ignorado ou condenado.

Gosto e pronto!! 

Pedro, o marido, também gosta. Ufa!!  Senão não me aguentaria nesta época.

Viramos meninos enfeitando cada canto do nosso pequeno apê.
Nossa árvore só não é maior porque nos obrigaria a mudar de moradia... Sempre mudo somente os enfeites, até mesmo por questão de economia, mas sempre a admiramos como se nunca a houvéssemos montado antes. 

Ainda não sei como vai ficar a árvore este ano, mas logo que montá-la posto uma foto decente dela. Promessa.

Ela é sem dúvida a protagonista dos enfeites de Natal... 
e a ceia? bem, é cena para outro capítulo.

Beijos doces carregados de nostalgia